Por/Pensador
"A
coisa mais extraordinário do mundo é um homem comum, uma mulher comum e seus
filhos comuns", disse G. K. Chesterton, importante intelectual inglês no
início do século XX. O mesmo autor vai afirmar ainda que: “O mundo está
dividido entre conservadores e progressistas. O negócio dos progressistas é
continuar cometendo erros. O negócio dos conservadores é evitar que erros sejam
corrigidos".
Na
maioria das vezes temos dificuldade de pensar nossa condição em termos globais
que envolvam decisões politicas na nossa cidade, quanto mais no nosso estado,
país, ou quiçá o que se pensa e discute em geopolítica e que se afeta comportamentos
de nações, povos e culturas do mundo todo.
Somos
pessoas comuns. Trabalhamos. Lutamos arduamente para cuidar das nossas
famílias, matando um leão por mdia. Procuramos viver nossa fé cristã
cotidianamente ainda que tenhamos nossas inclinações espirituais para os vícios,
ainda que o mundo se volte contra nós com toda sorte de armadilhas que atentam
contra o desenvolvimento de virtudes necessárias para bem vivermos. Encontramo-nos
divididos na tensão entre manter nossa fé cristã – a maioria dos brasileiros
ainda é formada por cristãos – e os ataques a esta fé que professamos e que aos poucos vai se esvaziando à medida
que mais acesso vamos tendo à educação formal e à cultura de massa.
O
homem moderno tem sentido cada vez mais o vazio que o entendia, causa-lhe
ansiedade, angústia e depressão. Constatamos todos os dias jovens perdendo suas
vidas paras as drogas nos nossos bairros, nas nossas cidades. Aqui, no litoral
paranaense, ficamos estarrecidos com números recordes da violência desencadeada
pelo narcotráfico. Esta realidade se encontra muito próxima de nós. Não são
apenas números frios e impessoais de estatísticas. São tragédias que atestamos
dentro das nossas famílias. Drogas, transtornos de ansiedade, depressão, nossas
crianças se automutilando e nos perguntamos: o que aconteceu com o mundo? Como
chegamos até aqui?
Experimentamos o avanço
extraordinário das novas tecnologias. Mesmo com todas as dificuldades,
desfrutamos do conforto que reis de tempos não muito longínquos jamais sonharam
possuir graças ao domínio de técnicas das diversas engenharias, das ciências
biomédicas, etc. Desde os transistores até o desenvolvimento da robótica e da
inteligência artificial, bem como dos mais avançados bigdatas, parece que o acúmulo de conhecimento humano só tem
aumentado. Esperávamos, assim, que com este panorama atual da evolução do
conhecimento, pudéssemos gozar de tempos de paz e tranquilidade. Mas que
aconteceu com o mundo? Como chegamos até aqui?
Temos
assistidos, neste dois últimos anos, a pessoas que, mesmo sem ter a menor noção
do que significam o Novum Organum de
Francis Bacon ou as obras de Karl Popper, bradam nas redes sociais ou nas rodas
de conversa entre amigos e familiares, uma verdadeira profissão de fé na ciência. Proliferam
hashtags de “ciênciasalva”, “vacinassalvam” e afins. Jargões que vieram de
onde? Quem os criou? Quem os difundiu? Como o medo foi capaz de levar a
população mundial a se se submeter à vontade de políticos, justamente de
políticos de quem sempre se desconfiou? O uso da ciência como ferramenta de
manipulação e até de substituição do objeto da fé nos traz à tona a verdade que
moldou todo o pensamento ocidental por dois mil anos, a de que “Jesus Salva”.
Esta expressão não cabe mais nos corações e mentes. A noção do transcendente,
do sagrado, cede espaço agora para valores materialistas como a saúde em si
mesma; para a valorização exacerbada da natureza e do meio ambiente em
detrimento do ser humano levando ambientalistas radicais a coadunar com
pensamento de Leornado Boff, por exemplo que acredita a salvação da “mãe gaia”
seria o fim da espécie humana ou com o desejo do Príncipe Philip expresso: “Em
caso de reencarnação, gostaria de voltar como um vírus mortal, para ajudar um
pouco a aliviar a superpopulação”.
E a questão insiste:
mas o que “um homem comum, uma mulher comum e seus filhos comuns" têm a
ver com tudo isso? Progredimos tanto, mas nossos erros só aumentaram. Ouvimos
ou repetimos o mantra fundamental: “Isso é coisa do teu tempo” ou “Isso é do
tempo dos meus avós. Hoje o mundo evoluiu”. Valores, costumes, que permitiram
nossa espécie chegar até o presente momento ao longo milhares de anos estão
sendo relegados como algo retrógrado, sem importância dentro de um mundo
virtual e em breve entro do multiverso, dos múltiplos universos, da realidade em
múltiplas versões. A mesma realidade mais simples e universal do hic et nunc (aqui e agora) transmutada
em diversas concepções histéricas nas mentes tornando a percepção sobre tudo o
que cerca as pessoas numa visão esquizofrênica.
Privando o
homem da sua individualidade, da capacidade de pensar sobre si e suas
circunstâncias vemos de maneira clara em todos estes movimentos a intenção de o
tornar simplesmente um “homem massa”, conforme palavras de José Ortega y
Gasset. E mais ou menos contemporâneo ao filósofo espanhol, Chesterton já nos
convidava a refletir se este era o progresso que gostaríamos de ter.
Ficamos
perplexos ante à realidade angustiante, assustadora quando vamos descortinando
os meandros pelos quais esta Nova Ordem Mundial foi construída. A sabedoria do
homem comum, com razão, e confiando no que seus olhos vêm, diz com razão que os
“valores estão invertidos”, “que o mundo está virado de cabeça para baixo”.
Quais as
causas da mudança desta inversão, deste novo ordenamento do mundo? Quais movimentos
revolucionários estão por trás? A quem interessa? Como uma reunião do Fórum
Econômico Mundial ou de um think tank
ligado à Internacional Progressista, por exemplo, podem afetar nossa vida aqui
no litoral do Paraná, a educação dos nossos filhos, nossas relações no trabalho
e até mesmo a maneira como vivemos nossa religião? E por que nós, pessoas
comuns, representamos o maior obstáculo para os planos dos donos do mundo (1 Jo
5, 19)?